FRIDA KAHLO: a arte entre sangue e cores
Magdalena Carmen Frida Kahlo y Calderón nasceu em 6 de julho de 1907, na Cidade do México.
Mulher e latino-americana, eternizou-se na cultura humana como uma de suas mais brilhantes artistas.
Quando criança, a pequena Frida contraiu poliomielite, doença que a deixou acamada por um longo período de tempo. Dessa experiência, herdou limitações físicas que levou para toda a vida. Seu universo imaginário, porém, expandiu-se: ela inventava amigos e personagens que lhe faziam companhia em sua convalescença.
Mais tarde, a jovem que sonhava em ser médica entrou para a Escola Preparatória Nacional, conhecida como a melhor instituição de ensino do México. Lá, fez contato com as maiores cabeças pensantes do país. Foi apresentada a Diego Rivera (que se tornaria o seu amor, marido e obsessão) e Alejandro Gemes Arias, um líder estudantil que foi o seu primeiro namorado.
No dia 17 de setembro de 1925, a colisão entre um bonde e um ônibus de madeira alterou de forma drástica a sua vida. Ela estava no ônibus, acompanhada de Alejandro, e foi gravemente atingida pela força do impacto e por um corrimão de ferro que a atravessou. Teve homorragia, e quando a Cruz Vermelha chegou para prestar socorros, ela reluzia a ouro. Um trabalhador civil que também estava no ônibus carregava consigo um pó dourado que, no acidente, misturou-se ao corpo e ao sangue de Frida.
Esse encontro traumático com o real transformou-a para sempre. A barra de ferro que a atingiu entrou pelo quadril e saiu pela vagina. “Perdi minha virgindade” (HERRERA,2011,p.70), ela disse.
Sexo e morte.
Os médicos não sabiam dizer se Frida sobreviveria, mas o seu desejo de viver era intenso. Viveu e permaneceu convalescente no hospital durante um mês; deitada de costas, fechada em uma estrutura de gesso, semelhante a um sarcófago. Durante a hospitalização, escreveu cartas a Alejandro e recebeu visitas de amigos e conhecidos.
Foi enquanto se recuperava do acidente que começou a pintar, e o seu primeiro autorretrato foi um presente para Alejandro. Antes, ela pintou alguns retratos de amigos e familiares. Sobre sua iniciação na pintura, relatou:
“Eu nunca pensei em pintura até 1926, quando fiquei de cama por causa de um acidente automobilístico. Eu estava morrendo de tédio na cama, com um colete de gesso, então decidi fazer alguma coisa. Roubei do meu pai algumas tintas e óleo, e a minha mãe encomendou pra mim um cavalete especial porque eu não conseguia ficar sentada, e comecei a pintar.” (HERRERA, 2011, p. 85-86)
Em sua história, Frida passou por, aproximadamente, 40 procedimentos cirúrgicos.
Assim, a partir de uma experiência devastadora e traumática, nasceu uma artista realmente incontrolável.
Frida Kahlo jamais parou de pintar.
Estabeleceu um relacionamento amoroso, e muito passional, com Diego Rivera. Casaram-se, separaram-se, uniram-se, enfim.
"Tive dois acidentes na vida. Um foi automobilístico, o outro foi Diego."
Sua arte virou a sua forma – única – de saber fazer aí com o real.
Tornou-se reconhecida também por seu estilo pessoal de vestir-se. Usava vestimentas tehuanas, características das mulheres de Tehuantepec , uma cultura matriarcal do México. Tais vestes encobriam, com traços de força e sensualidade, as suas limitações corporais. Com beleza, ela velava os vestígios do horror que a haviam marcado, irremediavelmente.
Criando, ela elaborou suas dores e frustrações, produzindo com os pincéis e as tintas um novo universo. Repleto de carga dramática, o seu mundo subjetivo projetado nas telas é visceral, intenso e colorido. “[…] quando o acidente mudou meu caminho, muitas coisas me impediram de realizar os desejos que todo mundo considera normais, e pra mim nada pareceu mais normal do que pintar o que não havia sido realizado.” (HERRERA, 2011, p. 98)
“Eu provoco e rio da morte, para que ela não leve a melhor.”
FRIDA KAHLO: a arte entre sangue e cores.
Referência: Frida: a biografia. Hayden Herrera.
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