sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

O papel da arte na educação

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Tradicionalmente, a arte educação tem ocupado um lugar secundário na educação formal. No entanto, descobertas científicas dos últimos 30 anos mostram que somente a arte educação desenvolve certas áreas do conhecimento, como a percepção visual e auditiva, a expressão corporal, a intuição, o pensamento analógico, concreto e holístico e a reflexão. Isso ocorre porque, quando se exerce práticas artísticas, é exigido um tipo de pensamento que é processado pelo hemisfério direito do cérebro. Por outro lado, quando se cria arte, são exigidas reflexão e conceitualização, o que é processado pelo hemisfério esquerdo.
Em 1970, Dr. Roger Sperry ganhou um prêmio Nobel por suas pesquisas sobre a lateralidade cerebral. Ele demonstrou que cada hemisfério do cérebro processa estímulos de uma maneira peculiar. Nos anos seguintes, muitos outros cientistas aprofundaram suas pesquisas, seguindo o caminho que Dr. Sperry abriu. Um desses pesquisadores é Dr. Howard Gardner, que desenvolveu a Teoria das Múltiplas Inteligências.
Trabalhando em Harvard University, no Project Zero, ele mostrou que o cérebro lida com inteligências diversas. O lado esquerdo do cérebro contém as inteligências lógicas e lingüísticas, ou seja, o Q.I. O lado direito contém as inteligências visual, musical e corporal - as inteligências artísticas - e as inteligências inter pessoal e intra pessoal, que Dr. Daniel Goleman posteriormente chamou de Q.E., o quociente emocional.
A partir dessas descobertas, podemos afirmar que, para cada inteligência existe uma linguagem básica. A matemática e as línguas faladas são as linguagens básicas do Q.I. O desenho, a música e a linguagem corporal são as linguagens que correspondem às inteligências artísticas. No entanto, nem temos nomes para as linguagens que correspondem à Inteligência Emocional!
As implicações dessas revelações ainda não foram absorvidas pelos sistemas vigentes de educação, que se baseiam no desenvolvimento de conhecimentos ligados ao Q.I. O lado esquerdo do cérebro realmente é o dominante e é muito importante habilitar as pessoas no seu uso. Mas, as inteligências do lado direito do cérebro fornecem informações de igual importância.
Ademais, Dr. Gardner também demonstrou que ninguém possui todas as inteligências e que cada pessoa tem uma inteligência dominante. As pessoas só conseguem ser criativas nas áreas em que precisam utilizar a sua inteligência dominante. Mas qualquer pessoa pode aprender todas as linguagens. Portanto, acredito que, diante dessas revelações, qualquer sistema de educação deve partir do objetivo de ensinar todas as linguagens básicas e identificar as inteligências que cada aluno possui.
Portanto, a arte educação tem de ser colocada de uma maneira totalmente diferente do que é agora. O desenvolvimento da "expressão" se torna muito menos importante. O enfoque no resultado artístico se restringe à especialização e quando se lida com alunos que possuem inteligência artística. Para todos os outros, o mais importante são os processos em que se envolvem.
O desenho e o teatro são particularmente importantes . Num mundo em que a imagem é fonte de cada vez mais informação e influência, torna-se imperativo que as pessoas conheçam como a linguagem visual funciona, quais elementos a formam e quais são os fundamentos que a regem. O ensino do desenho proporciona justamente isso, por ser ele a base da linguagem visual, mas não deve ser confundido com ensinar a desenhar, que é exercer o desenho para produzir uma imagem gráfica.
Representar em peças teatrais é uma das melhores maneiras de desenvolver a linguagem inter pessoal.
Num mundo em que a criatividade pessoal se torna cada vez mais importante e onde cada pessoa precisa fazer mais escolhas do que era imaginável há 50 anos, é imperativo que os sistemas educacionais sejam profundamente revistos. Os sistemas adotados atualmente nas escolas públicas no mundo todo foram criados muito antes da "era da informação" e estão lamentavelmente inadequados para preparar e formar crianças agora e para um mundo em rápida transformação.

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