Obra teria sido uma "traição consensual", disse Annaud
Era 1981 quando o cineasta francês Jean-Jacques Annaud, que no momento tinha 40 anos, se deparou com um grande desafio profissional: o de transformar o best-seller do escritor italiano Umberto Eco "O Nome da Rosa" em um filme.O diretor acabava que sair de outra empreitada complicada, mas bem sucedida, que durou quatro anos para ser realizada, a do longa "A Guerra do Fogo". Enquanto isso, o produtor italiano Franco Cristaldi montava uma equipe de produção para dar início ao projeto, que arrecadou o seu financiamento de quase US$ 19 milhões em cinco longos anos.

Umberto Eco faleceu no último dia 19 de fevereiroFoto: Getty Images
Entre tantas dificuldades da construção do filme se destacava a de ter um roteiro que conseguisse abordar em detalhes a complexa história criada por Eco em "O Nome da Rosa". Além disso, a escolha das locações ideais para se gravar um longa "medieval" e o processo de eleição dos atores da película também foram desafios importantes para o projeto.
O roteiro ficou por conta de Gérard Brach junto a Andrew Birkin, Howard Franklin, Alain Godard e também Annaud. Já o cenário foi responsabilidade de Dante Ferretti, que se encarregou de reconstruir, nas proximidades de Roma, a igreja da abadia que aparece na película e de preparar os cenários internos nos estúdios da Cinecittà.
O texto final do filme acabou contando com um número menor de personagens e com uma história um pouco mais simples. Por isso, o filme acabou sendo uma "traição consensual" do livro, segundo explicou o próprio diretor, que contou que Eco pediu para que ele traísse bem "a obra porque para se adaptar algo bem, precisa-se trair bem".
Os resultados do longa foram o êxito de bilheterias, com US$ 70 milhões, e as excelentes críticas em todo o mundo. A película, ambientada em uma abadia beneditina do norte da Itália, conta com uma extraordinária interpretação do carismático Sean Connery.

Sean Connery foi o protagonista da adaptação cinematográfica da obra 'O Nome da Rosa', de Umberto EcoFoto: Reprodução
O filme reflete de maneira brilhante os misteriosos crimes, acompanhados por maldições ancestrais, escritos por Eco. O sucesso das duas obras se devem à paixão do público pelo mundo medieval, que acabou contaminando legiões inteiras de apaixonados. Além disso, em mais de uma vez o mesmo escritor italiano falou mal de seu livro por ele ser o "culpado" de criar "modas" literárias e cinematográficas, como as obras de Dan Brown.
Por outro lado, Eco nunca escondeu sua admiração à interpretação realizada por Connery e a sua aprovação a Annaud, que conseguiu criar um "espetáculo massivo" com um grande respeito filológico tanto ao assunto tratado no livro quanto nas ambientações feitas no filme.
A película foi, em outras palavras, uma super-produção européia que não voltou a se repetir e que foi dona de uma narrativa culta e inteligente, conseguindo ser compreendida por todo tipo de espectador.
Além de Connery, outros grandes atores que trabalharam no projeto foram Christian Slater, Murray Abraham, Michael Lonsdale e Kim Rossi Stuart.
Fonte: http://diversao.terra.com.br/
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