terça-feira, 5 de junho de 2018

Notícias: Caravaggio roubado pode estar na Suíça

Quase 50 anos se passaram desde que dois ladrões usaram navalhas para extrair uma cena natalina de sua moldura do altar principal de uma capela em Palermo, na Sicília. Considerado o terceiro maior crime do mundo da arte pelo FBI, que estima o valor da obra em 20 milhões de dólares, o caso ganhou fôlego renovado na semana passada, quando policiais italianos anunciaram novas pistas.
Segundo o “New York Times”, o ex-mafioso Gaetano Grado informou no ano passado que, dias depois do furto de “Natal com São Francisco de Assis e São Lourenço”, ele próprio rastreou os responsáveis, sob ordens do mafioso Gaetano Badalamenti.
De acordo com o informante, o próprio Badalamenti — preso em 1984, em seguida condenado a 45 anos por traficar mais de 1,6 bilhão de dólares em heroína para os EUA e morto em 2004 — adquiriu a pintura, repassando-a a um negociante de arte suíço. 
Grado disse que este “se sentou e chorou a não poder mais” quando viu a imagem, a ponto de o mafioso começar a pensar que “era alguém muito estúpido”. Em seguida, o esteta teria afirmado que, para vender a obra, precisaria retalhá-la em vários pedaços.
Não se sabe se “Natal com São Francisco de Assis e São Lourenço” foi despedaçado para ser vendido ou permanece intacto
A chefe da Comissão Italiana de Combate à Máfia, Rosy Bindi, todavia, disse a jornais que há indícios de que o quadro permaneça intacto na Suíça, depois de ter sido repassado para contrabandistas no país.
Segundo Bindi afirmou ao “Palermo Today”, o roubo foi obra de criminosos comuns apoiados por especialistas. Uma vez roubada, contudo, a pintura teria acabado nas mãos da Cosa Nostra: primeiro nas do todo-poderoso Stefano Bontade, em seguida nas de Gaetano Badalamenti. Ela acrescentou que “Badalamenti não compreendeu a beleza da obra. Ele entendeu, contudo, o quanto ela valia em termos econômicos”.
Ao “The Guardian”, Bindi disse: “Temos um número suficiente de evidências para lançar uma nova investigação. Pedimos a colaboração de autoridades estrangeiras, especialmente das suíças. Esperamos trazer o quadro de volta à sua casa, em Palermo”.
O destino do quadro — também conhecido por “A adoração”, cuja data de pintura varia entre 1600 e 1609, a depender do historiador — é um dos grandes mistérios do mundo da arte. Na década de 1960, todos os principais crimes que aconteciam em Palermo tinham o toque da Máfia. A investigação, naturalmente, concentrou-se na possibilidade de envolvimento do crime organizado.
Ao longo dos anos, diversas teorias foram criadas, a partir de depoimentos de suspeitos. Um deles disse que o quadro se perdeu em um incêndio. Outro, que foi abandonado e devorado por ratos. Hipóteses alternativas especularam ainda que o quadro estivesse escondido e só fosse mostrado durante encontros secretos dos chefões do crime organizado. Outra lenda urbana diz que um deles o usava como tapete.
No livro “The Caravaggio conspiracy” (1984), o jornalista inglês Peter Watson conta sua aventura ao lado de Rodolfo Sievero em busca do quadro perdido. Ele diz que um traficante de arte chegou a oferecê-lo a venda da pintura, mas um terremoto no dia 23 de novembro de 1980 impediu a transação.
Em 2015, uma réplica criada por uma laboratório de restauração digital substituiu a pintura na capela. O resultado da investigação de Bindi será entregue ao Ministério Público de Palermo.
Fonte: http://www.jb.com.br/cultura/noticias/2018/06/05/caravaggio-roubado-pode-estar-na-suica/

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