quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Colecionadoras de arte que ajudam a melhorar o Brasil

Elas ajudam a melhorar o Brasil com iniciativas incríveis!

Não satisfeitas em acumular obras de relevância inquestionável, estas mecenas e colecionadoras associaram sua paixão pelas artes plásticas à vontade de ajudar pessoas e transformar o Brasil. Veja a história de cada uma delas a seguir!
ANDREA OLYMPIO PEREIRA
As obras de Henrique Oliveira são dignas de museus, mas Andrea Olympio Pereira tema felicidade de poder conviver com um site specific (ao fundo) do artista. A carioca começou a se interessar pelo colecionismo nos anos 1990, quando mudou para São Paulo e transformou visitas a exposições em um hábito da família. Hoje, é uma das mais respeitadas mecenas do país. Há dez anos, ela também dedica seu tempo à ONG Américas Amigas, que trabalha para ampliar o acesso aos diagnósticos do câncer de mama. A instituição já possibilitou a realização de mais de 750 mil exames pelo Brasil – especialmente no Pará, onde os índices são altos – e a colecionadora viu na arte uma oportunidade para aumentar esse número. Fez uma parceria com a Galeria Carbono e as artistas Sandra Cinto, Carla Chaim, Iole de Freitas, Laura Vinci e Marina Saleme: elas conceberam peças e 100% do montante arrecadado nas vendas é destinado à causa. “Criamos oportunidades para as pessoas doarem”, afirma. Aqui, ela posa entre obras de Barrão (à esq.), Erika Verzutti e Olafur Eliasson.
EVELYN IOSCHPE
Quando criança, as paredes da casa de seus pais eram cobertas de reproduções de famosas obras de arte. Hoje, o apartamento onde Evelyn Ioschpe vive exibe originais de importantes artistas – de Tarsila do Amaral a Cildo Meireles e Lygia Clark. A influência familiar foi inspiração para abrir a fundação que leva o seu nome e, nela, desenvolver o Instituto Arte na Escola – entidade que oferece formação continuada com foco em arte para professores de educação básica de todo o Brasil, responsável por atender 5.807 profissionais só em 2017. “De acordo coma ONG Todos pela Educação, 557 mil professores brasileiros fazem atividades didáticas relacionadas a alguma linguagem artística, mas apenas 6% deles têm conhecimento específico. Esse é o projeto da minha vida”, diz Evelyn, que se orgulha de já ter conseguido impactar cerca de 28,5 milhões de crianças e adolescentes e ainda ter iniciado a Associação de Amigos Brasileiros do Israel Museum de São Paulo. Aqui, ela aparece diante de obra de Nelson Leirner.
RENATA CASTRO E SILVA
A diretora de arte Renata Castro e Silva adquiriu sua primeira gravura – de Tomie Ohtake – quando morava em Recife. Mas foi há cinco anos que, já vivendo em São Paulo, fundou, junto com Ana Serra, Carbono Galeria, voltada à venda de edições de obras contemporâneas. “Não vejo diferença entre obra única e múltiplo, é o pensamento do artista que importa”, afirma ela. Seu apartamento é repleto de peças desenvolvidas nesse modelo. O objetivo delas é tanto ampliar a possibilidade de compra entre o público interessado em arte quanto atuar em parcerias que promovem projetos sociais: entre elas, estão colaborações comas ONGs Américas Amigas, de onde surgiu o colar feito por Carla Chaim que ela usa na foto. Sérgio Sister, Paulo Pasta, Tomie Ohtake e Regina Silveira, além de outros, também fizeram trabalhos coma dupla e as verbas das vendas foram doadas para a Casa do Zezinho e a Fundação Reciclar. Renata quer investir cada vez mais nessas iniciativas: “Se eu pudesse, lidaria só como terceiro setor”.
ESTHER CONSTANTINO
“Queremos apoiar a trajetória dos artistas desde a infância”, afirma Esther Constantino. Colecionando arte contemporânea há 15 anos, ela é frequentemente procurada por jovens criativos em busca de um caminho para o mercado – e para a sua coleção. Ao perceber aí uma carência no sistema cultural, a mecenas fundou o ArteQueAcontece. “Uma das pontas do projeto está em Paraisópolis, coma iniciativa de oferecer aulas de arte para crianças, proporcionando a elas uma nova visão de mundo”, explica. Na plataforma on-line, divulga highlights culturais, além de contar com a seção especial Artista Aposta, lançar talentos promissores ainda não representados por galerias. Ela, inclusive, sempre acaba arrematando alguns desses trabalhos. Daí, em sua coleção, peças de jovens como Anna Paola Protasio conviverem com grandes nomes da arte brasileira, como Artur Lescher (escultura suspensa, ao fundo) e Nádia Taquary (obra à dir.).
ANGELA AKAGAWA
Colecionadora desde os anos 1980, Angela Akagawa sempre sentiu vontade de realizar projetos filantrópicos ligados à arte. Em 2014, começou a CompartiArte, junto das amigas Cleusa Garfinkel, Ligia Domingues, Roseli Boms, Vânia Curiatti, Regina Motta, Amélia Nishikawa e Caroline Wei. “Quero ajudar o maior número de pessoas e também os novos talentos, mostrando seus trabalhos”, explica ela, que monta exposições no Centro Brasileiro Britânico com consultoria de Agnaldo Farias. Os eventos apresentam jovens como Carla Chaime Laura Gorski ao lado de nomes com a força de Sandra Cinto e Iran do Espírito Santo. Os participantes, apoiados por suas galerias, doam pelo menos 50% do valor de venda das obras, e o dinheiro é destinado a duas instituições beneficentes que mudam a cada ano. O CompartiArte já levantou mais de R$ 400 mil, ajudando casas como Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança comCâncer (GRAACC), Casa do Coração (ACTC), Unibes (com foco na Casa de Idosos) e Associação dos Amigos do Menor pelo Esporte Maior (Amem). A próxima mostra de Angela e sua turma acontece entre 8 e 10 deste mês, e a verba obtida vai para a entidade Obra do Berço. Na foto, ela está ao lado de esculturas de Waltercio Caldas (à esq.), Tony Cragg (grande, ao centro) e Iran do Espírito Santo (em forma de abajur, à dir.).
REGINA PINHODE ALMEIDA
Uma maquineta de Milton Marques se mexe de tempos em tempos, assustando os desavisados, enquanto um aparato reflexivo de Rejane Cantoni e Leonardo Crescenti desfigura o visitante. A coleção de Regina Pinho de Almeida poderia estar em qualquer museu contemporâneo, mas habita sua casa como se fosse da família. Para ela, no entanto, colecionar nunca foi suficiente. Queria contribuir para a arte brasileira de outras formas, mais consistentes e duradouras. “Prefiro fazer projetos culturais para a sociedade”, conta ela, que já trabalhou no Sesc. Há dez anos, fundou o Instituto de Cultura Contemporânea (ICCo), que reúne instituições privadas e tem como missão apoiar artistas no Brasil e expandir seu alcance: já viabilizou mostras de nomes como Ana Tavares, Rodrigo Braga e Carlito Carvalhosa e financiou a Bolsa ICCo/SP-Arte, que premia jovens criativos com residências artísticas em Nova York. “A filantropia no Brasil é muito incipiente, mas isso está mudando.” Em setembro, ela abre a Casa do Parque, com arquitetura de René Fernandes: espaço expositivo que, além de artes visuais, abrigará criações de dança, literatura, cinema, teatro, design, moda e música.

*Matéria originalmente publicada na edição CV 396 da Casa Vogue

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