Nos últimos anos de vida, Paul Cézanne conservou sempre, na solidão do seu ateliê de Aix-en-Provence, três quadros de grande dimensão que representavam um grupo de nus femininos em uma paisagem.
O título, hoje aceito, de Baigneuses não se justifica de modo algum, porque não existe qualquer traço de mar, de lago ou de qualquer curso d’água, e antes remeteria para uma tradição acadêmica e arcaizante que remonta aos grandes exemplos de Ingres, de Delacroix e, mesmo antes, de Ticiano ou de Rubens.
Cézanne deve ter trabalhado na tela até o seu último ano de vida, retocando uma vez ou outra as figuras, sobre as quais, de fato, a pasta de cor se acumula em densas pinceladas.
Essa tela esteve exposta, logo depois de sua morte, na mostra retrospectiva organizada em 1907 no Salão de Outono de Paris.
É evidente o fascínio que a pintura, deliberadamente esquadrada, angulosa e afastada de qualquer verossimilhança naturalista, exerceu em Picasso, que estava então pintando as suas famosas Banhistas de Avignon, e ainda no jovem Matisse, que muitas vezes abordará o mesmo tema.
A composição dos nus, quase grosseira e privada de qualquer delicadeza, indica o afastamento do artista da verossimilhança impressionista e o seu posicionamento como verdadeiro pai da nova pintura do século 20.
As Grandes Banhistas, 1900-1906, óleo sobre tela, 127,2 x 196,1 cm, Paul Cézanne, National Gallery, Londres.
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