Olhando detalhadamente para as obras de Daniel Segrove a sensação que fica é a de um espaço refinado desarrumado apropriado para a contemplação emotiva. Sua arte possui marcas expressivas que transmitem emoções diversas nos expectadores que as vezes pode até ficar confusos com o que estão lidando visualmente.
O artista escolhe elementos de polos opostos, contrastantes como um desenho figurativo de mãos juntas que transmitem serenidade e também figuras desfiguradas que fazem parte de um ambiente também desfigurado e caótico. Suas formas não possuem detalhes ornamentais. No máximo somente alguns mínimos traços que já caracterizam aquilo que deseja transmitir.
O apreço pelo uso dos espaços em branco também é uma característica marcante em suas obras. O artista busca no expectador a resposta para completar sua obra. Estas áreas também servem para amenizar o olhar e descansar a vista que em alguma parte pode estar cansada pela atenção redobrada para decifrar o que está em sua frente. Existem várias técnicas flutuando na obra de Daniel Segrove que a faz rica e altamente degustativa visualmente.
“Meu processo é baseado em experimentação e na tentativa de criar imagens expressivas. Eu tenho várias imagens penduradas na parede de meu estúdio para eu poder compará-las e avaliar o que funciona e o que não está dando certo. Eu normalmente trabalho em várias peças ao mesmo tempo, pulando de uma para a outra sem um padrão previamente fixado.”
Seu trabalho pode ser comparado, isso para os amantes da história da arte, às colagens de Robert Rauschenberg que criou um dos últimos legados de trabalhos em mídia mista, usando camadas de imagens encontradas com expressivas aplicações abstratas de tinta, criando uma mistura visual de vários métodos que foi um processo revolucionário para a época na arte contemporânea.
Mas para quem acha que sua arte é fruto de pura intuição artística, pense outra vez. Seu processo é fruto de anos de reflexão e estudo meticulosos sobre a anatomia humana e desenho figurativo.
“Meu trabalho mais recente envolve retratos e narrativas figurativas explorando ideias sobre empatia, identidade e consciência. Eu estou sempre procurando encontrar um equilíbrio entre estrutura e liberdade, técnica e ritmo no meu trabalho.”
Apesar de acabar de se formar e ter 23 anos, seu trabalho é altamente meticuloso e fruto de muita pesquisa e maturidade. Suas inspirações são trabalhos de artistas que o fazem divagar, pensar, para e diminuir o ritmo e realmente pensar sobre o que está acontecendo na obra. Daniel tenta fazer o mesmo com seus trabalhos e passar esse ambiente introspectivo para o público que consegue interagir com seu trabalho. Altamente recomendado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário