Nova exposição com trabalhos do britânico Damien Hirst faz parte da Bienal de Veneza
Um dos mais importantes artistas plásticos do mundo, o britânico Damien Hirst lançou sua primeira grande exposição em 10 anos no início deste mês na 57ª Bienal de Veneza e já está causando polêmica no meio artístico. Intitulada “Treasures from the Wreck of the Unbelievable”, a mostra está atraindo críticas de apropriação cultural graças à réplica de uma escultura da Nigéria do século 14 exibida sem a devida contextualização histórica.
A peça em questão é “Golden Heads (Female)”, que seria uma cópia de uma escultura Yoruba trazida de Ifé, na Nigéria, durante o período em que o país africano foi uma colônia britânica. Um dos críticos, o artista nigeriano Victor Ehikhamenor postou uma foto da obra em seu perfil no Instagram com a legenda “the British are back for more” (“os britânicos querem mais”). “Os milhares de visitantes que virem a obra pela primeira vez não vão pensar na Nigéria. Os mais jovens vão crescer achando que esse é um trabalho de Damien Hirst”, escreveu. Em entrevista à CNN, Ehikhamenor declarou: “Já é hora de coisas como esta levarem o devido crédito”.
A obra faz parte de uma série com dezenas de peças de Damien Hirst que estão sendo exibidas nos museus Palazzo Grassi e Punta della Dogana, em Veneza, como parte de uma exposição inicialmente concebida como um “conto de fadas” em que Hirst se depara com os tesouros de um ex-escravo turco em um naufrágio fictício.
No entanto, a escultura Yoruba tem uma história real. Encontrada na cidade de Ifé em 1938, a peça original se chama “Ori Olokun”, em homenagem ao orixá Olokun, que governa as profundezas dos oceanos. Segundo o artista nigeriano baseado em Nova York Laolu Senbanjo, a obra é particularmente reverenciada pelos nigerianos porque representa a passagem para que os vivos se comuniquem com seus ancestrais.
Procurado para comentar o caso, um porta-voz de Damien Hirst disse à CNN que “The Treasures” é “uma coleção de obras influenciada por uma vasta gama de culturas e histórias do mundo todo”. “Muitas das peças celebram obras importantes e originais do passado. Uma referência às cabeças de Ifé está no texto que acompanha a obra e no guia da exposição e faz parte integrante do conceito do trabalho.”
Fonte: http://casavogue.globo.com/LazerCultura/Arte/noticia/2017/05/artista-contemporaneo-mais-rico-do-mundo-e-acusado-de-apropriacao-cultural.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário